Minas e São Paulo são os mais afetados por greve de caminhoneiros

Publicado em 21/05/2018

Minas e São Paulo são os mais afetados por greve de caminhoneiros

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Descontentes com a política de reajuste do óleo diesel, caminhoneiros fizeram paralisações nas cinco regiões do país nesta segunda-feira (21). Pelo menos 17 estados registraram manifestações com bloqueios de rodovias, em greve organizada pela Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros), que representa motoristas autônomos -a paralisação não envolve veículos fretados.

De acordo com a CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos), foram registrados 188 pontos de paralisação no país, sendo 7 no Norte, 38 no Centro-Oeste, 27 no Nordeste, 55 no Sul e 61, no Sudeste.

Os maiores reflexos foram sentidos em São Paulo e Minas Gerais. Levantamento da Abcam mostra que Minas foi o estado com mais pontos de paralisação -15. Cerca de 300 mil caminhoneiros pararam em algum momento as atividades no país, conforme a associação.

No período da tarde, caminhoneiros fizeram atos em vários pontos da Marginal Tietê e Pinheiros. Por volta das 18h30, os trechos já haviam sido liberados. Porém, ainda há protestos na zona leste, na avenida Jacu Pêssego, sentido Ayrton Senna, próximo a avenida Maria Santana, na zona leste.

Os caminhoneiros pedem mudanças na política de reajuste dos combustíveis da Petrobras, com a redução da carga tributária para o diesel. Além disso, querem isenção da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico).

"Acreditamos que o objetivo foi atingido. O que está acabando com o transporte rodoviário de carga são os impostos embutidos no óleo diesel", afirmou José da Fonseca Lopes, presidente da Abcam.

Segundo ele, em média 42% do custo do frete se refere ao diesel e, quando o motorista pega um frete por R$ 4.000, "não ganha nem para chiclete". "Ele vende o almoço para comprar a janta, pois está pingando para ele. Não tem ponto de apoio decente, não tem segurança nas rodovias e não está conseguindo manter a família com o mínimo de tranquilidade e rentabilidade."

Na maioria dos estados, os caminhoneiros desencadearam a operação tartaruga, o que deixou o tráfego lento. Em outros locais, houve interdições totais ou parciais e queima de pneus.

Em São Paulo, pontos de manifestação afetaram o trânsito após bloqueio de pistas da marginal Pinheiros, na zona sul, e da avenida Jacu-Pêssego, na zona leste.

O protesto ganhou força por volta das 7h40, quando quatro caminhões, um em cada faixa, passaram a trafegar lentamente pela marginal Pinheiros segurando o fluxo de veículos na pista expressa, sentido Castelo Branco.

A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) informou que não houve nenhum tumulto além da lentidão. Por volta das 9h30, um caminhão segurava o trânsito em uma faixa da direita na avenida Escol Politécnica, também na zona oeste.

No interior, caminhoneiros fizeram protesto em Paulínia, em frente à Replan, uma das principais refinarias do país, e em Bauru, Votorantim e Cravinhos, entre outras cidades. 

Em Cravinhos, bloquearam a Anhanguera e pneus foram queimados na pista interior-capital. O motorista João Alberto Mendes afirmou que participava do ato por não ver outra possibilidade de reverter a insatisfação do setor. "Todos reclamam, em todos os lugares. Não é possível que todos estejam errados sobre as dificuldades."

Lopes disse que a queima de pneus representa a revolta do setor e que, se houver reajuste do diesel, a situação pode piorar. "Aí vai virar guerra. Não é isso que nós queremos."

A paralisação ocorre num momento em que a Petrobras anuncia, para esta terça-feira (22), reajuste de 0,9% no preço da gasolina, que subirá para R$ 2,0687 o litro, e no diesel, 0,97% -o diesel acumula alta de 12,3% no mês, e deve passar a custar R$ 2,3716 a litro com o último aumento. A flutuação se deve à alta do dólar, que influencia as cotações internacionais de petróleo.

As rodovias Anchieta (SP-150) e Cônego Domênico Rangoni (SP-248) também tinham pontos de interdição pela manhã, segundo as concessionárias responsáveis pelos trechos.

LIMINAR

A CCR NovaDutra conseguiu, na sexta (18), liminar proibindo a interdição total da Dutra sob multa de R$ 300 mil por dia. No Paraná, também foi concedida liminar proibindo bloqueios em rodovias sob pena de R$ 100 mil por hora de interdição.

Segundo a concessionária da Dutra, porém, quatro trechos foram interditados nesta manhã -Guarulhos, Lorena, Pindamonhangaba e Jacareí.

Lopes disse que, se houver negociação e a retirada de impostos do diesel, o movimento termina imediatamente. "Tivemos greve em 2013, 2014 e 2015 e não aconteceu nada. O governo criou grupos de trabalho que não resolveram nada."

Também foram registrados protestos no Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Espírito Santo, Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Ceará, Paraíba, Tocantins, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Pará e Bahia.

Segundo a Abcam, a orientação era não bloquear estradas ou queimar pneus.

Mas bloqueio total ou queima de pneus foram registrados também na BR-116, no Paraná e na Bahia, na BR-101, em Santa Catarina, e no km 513 da Fernão Dias, em Minas.